sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fotografias...


Há quanto tempo você não vê um álbum de fotos de papel?
É... fotos impressas, do tempo em que ainda não havia câmera digital? Outro dia eu tava procurando um documento em casa e achei, sem querer, uma caixa cheia de fotos de papel. Estranho, né? Hoje a gente tem a chance de planejar a foto. Depois da câmera digital, todo mundo sai bem na foto. Saiu ruim? Apaga. Os olhos ficaram vermelhos? Faz outra. O beicinho ficou esquisito? hummm, tira de novo? Aí eu fiquei pensando como era diferente quando a gente não podia decidir se ficava ou não ficava bem na foto. A gente levava o rolo pra revelar e aí... a surpresa! Tudo ficava mais divertido. os flagrantes eram reais. A tecnologia embelezou as nossas lembranças. Retocou as nossas imperfeições. não é mesmo? As fotos, hoje, são guardadas em arquivos virtuais... As caixas e os álbuns desapareceram. Doido isso, né? Aí eu peguei uma das fotos e me vi, na juventude, rindo com amigos. O cabelo tava despenteado, a roupa amassada, a meia furada... mas o meu sorriso tava ali... Autêntico e intacto. Por alguns segundos imaginei se eu não deveria ter dado uma ajeitada no cabelo, mudado de roupa, escolhido um fundo melhor para aquela foto... Depois eu pensei: Caramba! Se eu tivesse planejado qualquer pose pra aquele momento, eu teria perdido o melhor daquela lembrança: O meu riso, flagrado na hora da alegria, sem retoques, sem truques. Mas vocês não acham que a vida é meio parecida com foto de papel? Porque os momentos são únicos. Não têm volta. O que foi torto, ficou torto. O que foi ruim, ficou ruim... E o que foi bonito... Ficou bonito pra sempre. Tem coisa que não dá pra mudar, mesmo. Sendo assim, eu acho que é melhor a gente estar sempre de bem com a vida. Porque quando o riso sair na foto, com certeza, vai guardar pra sempre um momento bom... Sem arrependimentos... Sem nenhum remendo...


Texto de Lena Gino

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E tudo mudou... Luiz Fernando Verissimo


E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace,
megahair, alongamento
A escova virou chapinha
'Problemas de moça' viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do 'não' não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou bike
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe

A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mudar - Clarice Lispector


Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetase portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros, Viva outros romances. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dianuma outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias. Tente o novo todo dia. o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa. Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda ! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida nãovale a pena!!!! "

terça-feira, 2 de junho de 2009

Despenteie...


Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade... O mundo é louco, definitivamente louco...O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro. O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia... - Fazer amor, despenteia.- Rir às gargalhadas, despenteia.- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.- Tirar a roupa, despenteia.- Beijar à pessoa amada, despenteia.- Brincar, despenteia.- Cantar até ficar sem ar, despenteia.- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado... mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,toda arrumada por dentro e por fora.O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria... e talvez deveria seguir as instruções, masquando vão me dar a ordem de ser feliz? Por acaso não se dão conta que para ficar bonitaeu tenho que me sentir bonita... ¡A pessoa mais bonita que posso ser!O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: Entregue-se, Coma coisas gostosas, Beije, Abrace, dance, apaixone-se, relaxe, Viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, Corra, Voe, Cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável! Admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida te despentear!O pior que pode passar é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Não quero alguém que morra de amor por mim...


Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...

E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...

E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Saudade - por Miguel Falabela


Trancar o dedo numa porta dói.Bater com o queixo no chão dói.Torcer o tornozelo dói.Um tapa, um soco, um pontapé, doem.Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe.Saudade de uma cachoeira da infância.Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.Saudade de uma cidade.Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.Doem essas saudades todas.Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.Saudade da presença e até da ausência consentida.Você pode ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.Você pode ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.Você podia ficar o dia sem vê-la, e ela o dia sem vê-lo, mas sabiam -se amanhã.Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor ao outro, sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber.Não saber se ela continua fungando num ambiente mais frio.Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.Não saber se ela ainda usa aquela saia.Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada. Se ele tem assistido às aulas de inglês; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele aprendeu a entrar na internet e encontrar a pagina do Diário Oficial; se ele continua preferindo Malzebier; se ela continua preferindo suco; se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; se ele continua cantando tão bem; se ela continua detestando MC Donald's; se ele continua amando; se ela continua a chorar ate nas comédias. Saudade é não saber mesmo!Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos. Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento.Não saber como frear as lágrimas diante de uma música.Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.Saudade é não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro; se ela está mais bela.Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora... depois que acabou de ler...

sábado, 25 de abril de 2009


Tem uma coisa que adoro: Teatro!
Quem ja viu a peça da Eliza Lucinda, Parem de falar mal da rotina?
Se não viu, corre pra ver. Voltou a ser apresentada no Rio de janeiro.... até vou olhar em que teatro está em cartaz pra dizer à vocês.
Ela pesquisou todo o cotidiano de pessoas comuns, suas manias, bizarrices e mil outras loucuras e fez o roteiro da peça. Eu me identifiquei com vários esquetes que ela apresentou. Quem de nós mulheres nunca parou na rua pra "ouvir" a bolsa, não perahi, pra ouvir se o celular estava tocando dentro da bolsa? Hehehehehehe.... pois é, esse é só um aperitivo. Vai lá que duvido que não goste!
Bye bye e até as cenas do próximo capitulo!